Discurso de Lula da Silva (excerto)

___diegophc

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

D. António Barroso, 1854-1918


Nota de 10 Angolares, 1947 

Numeração: 12Ru 000001 


ImagemImagem 

D. António Barroso, 1854-1918 



Faz parte da lista da RTP para a eleição dos Grandes Portugueses. 



Um barcelense que aproveito para homenagear, ao apresentar esta nota de Angola em raro estado de conservação. 



António José de Sousa Barroso nasceu na freguesia de Remelhe, do concelho de Barcelos, a 5 de Novembro de 1854, e faleceu no Porto, a 31 de Agosto de 1918. Bispo do Porto desde 2 de Agosto de 1899. 



«Foi um dos mais importantes missionários da história de Portugal. Com fama de santidade, neste momento decorre em Roma o processo da sua canonização. Fez o curso teológico no Colégio das Missões, em Cernache do Bonjardim, sendo ordenado em 1879. Em 1880 foi para Angola, para a Missão de S. Salvador do Congo, onde começou a sua vida de missionário. Em 1892, com apenas 37 anos, foi nomeado bispo de Himéria, em Moçambique. No início de 1898 foi nomeado bispo de Meliapor, na Índia, e em 1899, bispo do Porto. A "questão religiosa" da I República trouxe-lhe graves problemas, obrigando-o ao exílio entre 1911 e 1914, e de novo em 1917. Esteve 19 anos à frente da diocese, amou profundamente o Porto – e foi amado com igual intensidade. Tornou-se no "amigo dos pobres".» 



Os bispos portugueses em 1904, com D. António Barroso – Bispo do Porto: 

Imagem


A estátua em frente á Câmara municipal de Barcelos, erigida em 1930: 

Imagem
**

http://www.forum-numismatica.com/viewtopic.php?f=39&t=10758


~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~



http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?id=464




Centenário da República: D. António Barroso, um bispo mal-amado

Bispo do Porto enfrentou Afonso Costa num momento em que as relações entre Governo e Igreja mudaram radicalmente

D. António Barroso (1854-1918), Bispo do Porto aquando da implantação da República, em 1910, ficou na história pelas suas relações “difíceis e conturbadas” com Afonso Costa, ministro da Justiça, que apressaram a separação Igreja-Estado.

Amadeu Gomes de Araújo, um dos autores da obra «O Réu da República», com a chancela da Aletheia Editores, lembra que o prelado foi “julgado duas vezes - uma em Lisboa e outra no Porto – e expulso da diocese”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o autor recorda os episódios que envolveram a Pastoral Colectiva dos Bispos (1911), proibida pelo regime, mas que acabou por ser lida nas Missas.

Responsabilizando D. António Barroso, “Afonso Costa, chama-o a Lisboa onde lhe fazem um julgamento apressado”.

“Foi apedrejado e apupado na Rua do Ouro. O diploma que o expulsa é datado do dia do julgamento e assinado por ministros que não estavam presentes”, constata Gomes de Araújo.

O bispo do Porto, D. António Barroso, acaba por ser destituído das suas funções e a diocese considerada vaga como se por falecimento se tratasse, pelo ministro da Justiça e dos Cultos.

A questão é também abordada na edição especial do semanário Agência ECCLESIA, de 5 de Outubro, pelo historiador António Matos Ferreira.~

O director-adjunto do Centro de Estudos de História Religiosa da UCP acredita que, embora Afonso Costa “quisesse por esta actuação demonstrar a sua autoridade”, este acontecimento”marcou um passo fundamental no exercício e na autonomia da autoridade episcopal”.

Os Bispos, escreve, “assumiram iniciativas decorrentes do seu múnus saindo da tutela governativa, precipitando a promulgação do Decreto de Lei sobre a Separação do Estado das Igrejas, impondo progressivamente uma resistência e, posteriormente, uma acalmação que tornaria mais patente a liberdade da Igreja Católica”.

Em 1914, um grupo de deputados manifesta-se contra a «injustiça ao bispo do Porto», podendo D. António Barroso regressar à Diocese.

António Barroso nasceu em Remelhe, Barcelos, em 5 de Novembro de 1854. Formou-se no Colégio das Missões Ultramarinas de Cernache do Bonjardim, de 1873 a 1879.

Ordenado sacerdote missionário em 20 de Setembro de 1879 , foi missionário no Congo, Angola, de 1880 a 1891. Destacou-se como Bispo Missionário em Moçambique de 1891 a 1897 e em Meliapor, na Índia, de 1897 a 1899.

Foi Bispo do Porto de 1899 a 1918, falecendo a 31 de Agosto de 1918. A sua causa de beatificação decorre no Vaticano.

Fotos   
 Agência Ecclesia | 2010-10-04 | 13:52:34 | 3056 Caracteres | Centenário da República

http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=81817



D. António Barroso, um Bispo mal-amado pela República

Amadeu Gomes de Araújo apresenta vida e obra de quem se insurgiu contra a injustiça praticada para com a Igreja

D. Carlos Azevedo e Amadeu Gomes de Araújo são autores da obra «O Réu da República», com a chancela da Aletheia Editores, e que apresenta a vida e obra de D. António Barroso (1854-1918).

Da obra brotam a densidade das características do seu tempo, permitindo no percurso da sua vida reunir os grandes debates de um arco de tempo significativo.

António Barroso nasceu em Remelhe, Barcelos, em 5 de Novembro de 1854. Formou-se no Colégio das Missões Ultramarinas de Cernache do Bonjardim, de 1873 a 1879.

Ordenado sacerdote missionário em 20 de Setembro de 1879, foi missionário no Congo, Angola, de 1880 a 1891. Destacou-se como Bispo Missionário em Moçambique de 1891 a 1897 e em Meliapor, na Índia, de 1897 a 1899. Foi Bispo do Porto de 1899 a 1918. Faleceu a 31 de Agosto de 1918

Agência ECCLESIA (AE) – O percurso de vida de D. António Barroso é muito abrangente, mas ficará conhecido como o «Réu da República»?  
Amadeu Gomes de Araújo (AGA) – Também foi «Réu da República». D. António Barroso é conhecido, sobretudo, como bispo do Porto e pelas relações difíceis e conturbadas com Afonso Costa. Foi julgado duas vezes - uma em Lisboa e outra no Porto – e expulso da diocese. No entanto, para mim, a fase mais criativa e de acção pastoral foi quando era missionário. Em Portugal, as missões é um assunto que não tira o sono a ninguém.

AE – Essa criatividade passou pelo desbravar caminhos...
AGA – Na sua acção como missiólogo. Foi um homem que agia e reflectia sobre a sua acção. Tentou imprimir caminhos diferentes à missionação. Na altura em que ele foi enviado para Angola, existiam problemas graves nas missões.

No mês de Agosto de 1880 foi para Angola com D. José Sebastião Neto, novo bispo da diocese de Angola e Congo. Foi com a incumbência de restaurar a antiga Missão de S. Salvador do Congo porque esta estava, totalmente, abandonada.

AE – O seu vigor e novidade pastoral relançaram essa missão?
AGA – Em moldes novos e em «competição» com os Protestantes. Trabalhou muito e bem naquela zona durante oito anos. No Padroado, as missões situavam-se todas no litoral... Depois da preparação no Colégio de Cernache do Bonjardim, os missionários iam para as terras de missão, mas ficavam na zona litoral desses países. Neste ponto, D. António Barroso foi original. Tentou por tudo para que a missionação se fizesse, não do litoral para o interior, mas no sentido inverso. Fez longas viagens e ficou conhecido como «missionário todo-o-terreno». Passou meses fora, com o intuito de criar missões.

AE – Depois desse período volta a Portugal?
AGA – Como colaborador e amigo do estadista Barros Gomes trabalhou na reorganização e redistribuição das áreas de acção de cada uma das dioceses do Padroado português, em África.

Evangelizador
AE – Por pouco tempo, visto que foi nomeado bispo no início da década de 90?

AGA – Foi ordenado bispo, com o título de bispo de Himéria, em 1891, e seguiu para Moçambique. Esteve três anos neste país, mas passou o tempo todo fora. Dormia ao relento. Chegou a passar cinco meses no mato. Como os padres de Cernache tinham medo de avançar para o interior do país, D. António Barroso foi a esses sítios e indicou os pontos nevrálgicos onde se deveriam criar missões novas. A missionação é para o povo.

Ainda no capítulo das originalidades, D. António Barroso apostou também nos irmãos leigos. Homens que ensinavam profissões aos nativos. Segundo ele, a missionação não deveria ser feita apenas por padres.

AE – A evangelização também passava pelo trabalho e pelo ensino.
AGA – Deu uma orientação nova à missionação. Deu grande importância à formação da juventude. Foi ele que criou as primeiras escolas femininas em Moçambique. Por outro lado, como o Colégio de Cernache do Bonjardim era criticado por políticos, militares e jornalistas, ele entendeu e repensou a formação dos padres daquele colégio. Aquele tipo de padre não interessava para as missões. Para D. António Barroso, o Colégio das Missões Ultramarinas (Cernache do Bonjardim) estava ultrapassado.

Sentiu a necessidade de criar um estilo de padre diferente. Um padre que esteja preparado para o povo. Não se podem preparar padres que não conheçam o mundo onde vão trabalhar. Pensou na criação de seminários em África. Lutou muito para ter um seminário lá, mas não conseguiu...

AE – Há razões específicas?
AGA – O nível de escolaridade e de cristianização era zero ou quase zero. Não havia candidatos. Perante estes factos, pensou em reorganizar o Colégio das Missões Ultramarinas, de Cernache. Ele é que projectou e sonhou aquilo que, actualmente, é a Sociedade dos Missionários da Boa Nova. Os Missionários da Boa Nova são os herdeiros do projecto missionário de Cernache do Bonjardim.

AE – D. António Barroso é o elo que liga os padres de Cernache (onde ele estudou e se formou) com a Sociedade dos Missionários da Boa Nova?
AGA – Sim. No entanto não viu nascer o projecto. Vingou somente depois de ele ter morrido. Ele morre em 1918 e a Sociedade dos Missionários da Boa Nova nasceu depois. Os padres antigos eram simples franco-atiradores. Iam para as missões, durante oito anos, e voltaram. Era o estilo de serviço obrigatório. Não havia continuidade no trabalho.

AE – Depois da sua «comissão de serviço» em Angola defendeu novas formas de missionação numa célebre conferência.
AGA – Foi na Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1889, sobre as missões. A convite de Luciano Cordeiro, ele relatou a sua experiência em Angola e as necessidades de reformar a missionação.

Relações com o poder
AE – Tinha boas relações com os órgãos de poder? 
AGA – Chegou a ser apoiado pela rainha em algumas das suas iniciativas.

AE – A época do Regalismo...
AGA – A Igreja estava dependente do poder estatal. O facto da Igreja ter obrigações - o Padroado obrigava a Igreja a cuidar algumas missões no Oriente - que não conseguia cumprir colocou-a em situação fragilizada. A Igreja não tinha padres para enviar. Quem acaba por suprir estas necessidades é a «Propaganda Fidei».

AE – É neste contexto que D. António Barroso é nomeado para Meliapor (Índia)?
AGA – Existiam problemas e carências graves no Oriente. Ele foi o mediador desses atritos entre a Propaganda Fidei e os padres da Igreja Católica.

AE – Esse conhecimento «extra portas» (Angola, Moçambique e Índia) deu-lhe novos rasgos pastorais. A diocese do Porto esperava por ele e pelas suas lutas em defesa da Igreja...
AGA – D. António Barroso foi formado dentro de ideais, marcadamente, monárquicos, tal como o projecto de Cernache. Quando chegou de Moçambique, a primeira visita de D. António foi à rainha. Apoiou-o sempre. Ele tinha boas relações com a monarquia. Chegou a ser candidato a deputado... Quando chegou a República ele aceitou o novo regime.

Lei da Separação
AE – Tal como a Igreja em geral. 
AGA – É verdade. Só que o projecto de Afonso Costa - Ministro da Justiça e responsável pelos assuntos eclesiásticos – passava pela secularização a todo o custo. Neste processo, as escolas são transformadas em grandes centros de secularização. É proibido qualquer ensino religioso. Esta é uma das medidas que vai enfurecer D. António Barroso e a Igreja. A expulsão das Ordens Religiosas, a extinção dos feriados religiosos e extinção do ensino religioso irritam o episcopado. Este junta-se, na véspera de Natal de 1910, e preparam uma Pastoral Colectiva que é elaborada pelos bispos de Évora e por D. António Barroso.

Preparada para ser publicada no mês de Fevereiro de 1911, o regime tem conhecimento desse documento e proíbe a divulgação.

AE – Ele não atende a essa ordem.
AGA – Ele jogou. Entendia que estavam a ser defendidos os interesses superiores da Igreja. Foi dizendo a Afonso Costa que sim e que não. Há uma célebre noite onde trocam telegramas. O documento acabou por ser lido nas missas. O Ministro da Justiça, Afonso Costa, chama-o a Lisboa onde lhe fazem um julgamento apressado. Foi apedrejado e apupado na Rua do Ouro. O diploma que o expulsa é datado do dia do julgamento e assinado por ministros que não estavam presentes. Estava tudo preparado... No dia 7 de Março de 1911 é julgado, condenado, preso e expulso da sua diocese.


Exílio
AE – Foi «transferido» do Porto para Cernache do Bonjardim. 
AGA – Mandou-o desterrado para Cernache, a tal casa onde ele tinha feito a formação.
Conhecidos como cárceres e casa de mentecaptos, os seminários eram detestados pelo regime. Com o anseio de secularização, o regime cria núcleos e grupos revolucionários dentro dos seminários.

Um mês após a sua ida para Cernache, na véspera da publicação da Lei da Separação (19 de Abril de 1911), há uma grande reviravolta naquela casa. Um grupo de alunos apupa os padres: «morram, morram...». Foi uma encenação com vista a mudar o regime.
Nessa noite, D. António Barroso não dormiu no Seminário. No dia 20 de Abril é publicada a tal lei com um artigo dedicado a Cernache e ao destino a dar àquele Seminário. Naquele ambiente de revolução, ele não pode ficar no Seminário e vai para casa de um amigo médico.

AE – Mas sempre controlado...
AGA – Estava com autorização do regime, mas continuava controlado. Ficou até ao dia 10 de Junho. Nessa data foi para a sua terra natal, Remelhe, Barcelos. Ali viveu até 1914. É nesse período que acontece o «célebre episódio» (deslocou-se a Custóias para fazer um Baptismo) da ida dele ao Porto e o novo julgamento.

AE – Há registos escritos desses tempos de exílio?
AGA – Ele tinha um secretário, o Pe. Sebastião Braz, que foi o seu primeiro biógrafo. O Pe. Sebastião fala dessa época em Remelhe. Nesses três anos, foram ordenados por ele muitos padres da diocese do Porto. Secretamente – suponho que o governo fechava os olhos -, ele presidiu, numa capelinha de Remelhe, a cerca de 60 ordenações presbiterais.

AE – Comunicava com a diocese através de Cartas Pastorais?
AGA – Ele escreveu muitas Cartas Pastorais e trabalhos ligados à sua acção pastoral. Foi também um excelente tradutor. Por outro lado, D. António Barroso escreveu também sobre a agricultura. Interessou-se muito pelo mundo do trabalho e mostrou um grande apego à lavoura. Habituou-se a ver, com olhos críticos, o ritmo do ciclo agrícola. Incitou as pessoas a organizarem-se no espírito cooperativo e associativo.

O regresso
AE – Em 1914, um grupo de deputados manifesta-se contra a «injustiça ao bispo do Porto». 
AGA – Sim. A Lei fundamental da República não permitia que uma pessoa fosse expulsa por toda a vida. A situação não poderia manter-se indefinidamente... e voltou à diocese.

AE – Foi recebido em clima de festa
AGA – Fez-se uma grande festa e foi recebido de braços abertos. As fotografias mostram essa manifestação.

AE – Tem um bom espólio fotográfico de D. António Barroso?
AGA – Algumas delas são inéditas. Muitas delas devo-as ao Pe. António Trigueiros, que é descendente de um velho fidalgo que apoiou D. António Barroso. Esse fidalgo estimulou-o a estudar.

AE – Nas fotos, ele aparece com longas barbas. Há alguma razão específica?
AGA – Era o único bispo que usava barbas. Faz parte do conceito de missionário usar barbas. Quando foi nomeado para bispo do Porto pediu à Santa Sé – vi isto num jornal – autorização para usar barbas. Para ele, as barbas eram um símbolo do seu passado de missionação. A família Trigueiros tem uma caixa com um pedaço das barbas dele. Uma relíquia.

Preservar a memória
AE – Pode deduzir-se que o interesse pela figura de D. António Barroso começou muito antes da ida dele para o Porto? 
AGA – O processo de canonização de D. António Barroso entrou em 1992, mas ele já tinha fama de santo. Foi uma figura muito grande. A República tinha medo dele. Afonso Costa tinha «medo» dele e tentou, por todas as formas, abafá-lo. Em 1954, quando se comemorou o centenário do nascimento de D. António Barroso, Barcelos engalanou-se para homenagear esta figura. Foi um acontecimento impressionante.
Na parte mais nobre da cidade de Barcelos, o monumento maior é de D. António Barroso.

AE – Há mesmo a «Associação do Grupo de Amigos de D. António Barroso» que comemora as datas do nascimento e da morte deste bispo. Como surgiu a sua paixão por esta causa?
AGA – Nasci em 1947 e conheço D. António Barroso desde muito novo porque sou de Barcelos. Em 1954, fiquei impressionado porque nunca tinha visto milhares de carros que acorreram a Barcelos para as comemorações. Mais tarde entrei para o Seminário de Cernache do Bonjardim...

AE – Por influência dele?
AGA – É verdade. Eu fui para o Seminário por influência de D. António Barroso... Em Cernache existem imensas referências (azulejos e outros) a este bispo lutador. Foi um homem que defendia causas.

AE – Defendia causas sem medo...
AGA – Há uma frase dele – quando foi julgado - que é celebre: «Há duas coisas das quais sei que não irei morrer: parto e medo».

AE – Com as comemorações da Implantação da República, a figura de D. António Barroso volta à ribalta. Marcou a história pela totalidade do seu percurso ou pelo exílio que sofreu?
AGA – Nunca teria passado despercebido da história. Se não tivesse existido a República, ele teria sido cardeal, tal como foi o seu antecessor, Cardeal D. Américo. Era uma figura de prestígio... Ele é grande no Porto e Barcelos pela sua bondade. Ele tinha a imagem do homem santo.

AE – Falta o milagre para a canonização...
AGA – Ele dava tudo... Quando foi ordenado bispo, a mãe ofereceu-lhe o seu cordão de ouro. Com um alicate desfez o cordão e deu as argolas aos mais necessitados. Tinha uma bondade infinita... Não foi a perseguição que lhe deu a auréola. Tanto os pobres como os membros do clero defenderam-no sempre. Quando ele esteve em Cernache, o clero do Porto visitava-o com frequência. O clero do Porto apoiou sempre a causa de D. António Barroso.
O que falta é o milagre... Se aparecesse o milagre, tudo se alterava.

http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=81772

D. António Barroso
D. António José de Sousa Barroso nasceu na freguesia de Remelhe, do concelho de Barcelos, a 5 de Novembro de 1854, e faleceu no Porto, a 31 de Agosto de 1918. Seus pais representavam um casal de gente de lavoura sem grandes recursos para dar uma educação superior ao seu filho. De modo que, só aos 17 anos de idade foi matriculado no Seminário de Braga, e daqui transferido a 3 de Novembro de 1873 para o Real Colégio das Missões Ultramarinas de Cernache, onde se ordenou presbítero, em Setembro de 1879. Foi missionário cientista em Angola e em Moçambique. O seu relatório de 1894, sobre o «Padroado de Portugal em Àfrica» patenteia o valor da sua acção como bispo missionário.
***

Em 1899, será bispo do Porto. Em 1911, quando foi dada a conhecer a «Pastoral do Episcopado Português», em que se afirma desacordo com alguma Legislação do Governo, reaviva-se a luta anti-clerical. Os governadores civis proibem a leitura dessa pastoral e, por desobdiência a essa proibição, são presos dezenas de párocos. E o próprio bispo do Porto foi preso e levado, sob custódia, a Lisboa. Sempre afirmando a determinação apostólica, D. António Barroso conhecerá depois o exílio, de onde só voltará em 1914, para, afinal, voltar a ser exilado em 1917. Deixou alguns escritos, sobretudo relatórios missionários, e o livro «O Congo», tido como um trabalho da melhor literatura.
Saiba mais sobre D. António Barroso em Curiosidades  http://www.remelhe.bcl.pt/dabarroso.html
 curiosidades

  Remelhe e outras...
  D. António Barroso
- Escola EB1 de Remelhe-D. António Barroso - nasceu há 150 anos - Livro de José Adilio Barbosa Macedo  
- Postais antigos de Barcelos, incluem Remelhe- D. António Barroso na 1ª Peregrinação á Franqueira
- Lenda do Galo de Barcelos- D. António Barroso - Patrono de Escola em Angola
- Fábrica de Calçado Manbri
- Vinhos Quinta do Bosque- D. António Barroso - História Missão em S. José de Lhanguene
Câmara Municipal de Barcelos- A D. António Barroso  foi atribuído nome de rua em Barcarena

- Jornal Barcelos Popular- Associação de Protecção á Infância D. António Barroso
- DJ KIKA LEWIS
- Farmácias de Serviço-Monumento de Barcelos a D. António Barroso
- Telefones Úteis de BarcelosD. António Barroso e a cronologia histórica
- Confecções Huguitos- Homenagem a D. António Barroso(1999/08/02)
- Associação Nacional de Freguesias- D. António Barroso e o património de Cedofeita(Porto)
- D. António Barroso  possuí nome de Rua no Porto



http://www.remelhe.bcl.pt/curiosidades.htm
***

Boletim D. António Barroso
Boletim D. António BarrosoAbril 2009
Boletim D. António BarrosoMarço 2009
Boletim D. António BarrosoFevereiro 2009
Boletim D. António BarrosoJaneiro 2009
Boletim D. António BarrosoDezembro 2008
Boletim D. António BarrosoNovembro 2008
Boletim D. António BarrosoOutubro 2008
Boletim D. António BarrosoSetembro 2008
Boletim D. António BarrosoAgosto 2008
Boletim D. António BarrosoJulho 2008
Boletim D. António BarrosoJunho 2008
Boletim D. António BarrosoMaio 2008
Boletim D. António BarrosoAbril 2008
Boletim D. António BarrosoMarço 2008
Boletim D. António BarrosoFevereiro 2008

http://www.remelhe.bcl.pt/BoletimDAB.htm
***
D. António Barroso - nasceu há 150 anos
Um livro de José Adílio Barbosa Macedo (clique aqui para ler um pouco da introdução)
Quer comprar o livro ? Clique aqui para saber onde e como comprar.

http://www.remelhe.bcl.pt/LivroDAntonioBarroso150.htm

D. António Barroso - nasceu há 150 anos

A nossa formação antropológica dedica particular atenção à Antropologia Visual, e a fotografia acima sugere‑nos dois reparos: Grenfell está apoiado numa carabina e devidamente vestido para enfrentar os caminhos do mato. Perguntamo‑nos como o faria o padre António Barroso. Não é a nossa opinião que está em causa, mas sim os factos e as relações consequentes das preocupações sociais dos missionários para com os povos kongo da região. Iremos ao encontro da história com documentos, e neste caso, embora saibamos das posições ideológicas tanto de Heliodoro Faria Leal, como de Norton de Matos, lembremo‑nos que um era localmente o representante do governo e outro a autoridade máxima na altura em Angola. Comecemos por dar a palavra ao primeiro, acerca do trabalho missionário, em geral, e depois, em particular, acerca de António Barroso:
 
 
 
Embora, pelo que deixou escrito deixasse entender a sua inclinação para privilegiar os missionários protestantes, o que escreveu sobre o padre António Barroso deixa entender o respeito pelas atribuições do missionário, que se seguem descritas:

“Inteligente e activo o padre Barroso lançou as bases da moderna propaganda religiosa católica e se não levou de vencida os seus antagonistas protestantes sustentou, contudo, briosamente a contenda e criou um forte núcleo de adeptos, no que teve como auxiliares e seguidores os padres Sebastião José Pereira, Mathias, Gata, Albuquerque e Pequito, jazendo este último no abandonado cemitério de S. Salvador do Congo” 30
 
 
 
A última componente, por ter sido a última a chegar, os administradores de circunscrição e os sacrificados chefes de posto que viriam a substituir os capitães‑mores, note‑se que dizemos sacrificados porque Portugal e a administração colonial portuguesa nunca os recompensou devidamente, especialmente nos seus vencimentos e regalias (só facultadas a administradores de circunscrição). Algumas vezes, foi‑lhes apontada brutalidade e injustiça no cumprimento dos seus deveres, que diga‑se em abono da verdade alguns mereceram, mas a maioria sabia, isolada como estava, que impor pela força a autoridade era condição sine qua non para uma vida passada a ser odiado sem necessidade.
 
Aqui, não se abordará a colonização dirigida porque pura e simplesmente não se verificou nesta parte de Angola. Os percursos, que os europeus faziam em caravana ou isolados, eram os mesmos que os zombo percorriam há séculos. Poucos fazem ideia do que era passar o terreno dos dembos, o calor insuportável, o andar, ou melhor, o arrastar dos pés pelos areais do Libombo ao Tabi e daqui por sua vez ao Ambriz. A falta de água potável, os lamaçais, o corpo rasgado pelas espinheiras, o medo de ser mordido por uma serpente e, acima de tudo, os mosquitos que com as suas constantes picadas não deixavam as gentes em paz, tornavam‑se as mais implacáveis dificuldades. Entre os inconvenientes climáticos, havia a destacar a predominância de um tempo quente e húmido, que fazia com que a roupa estivesse permanentemente colada ao corpo, fazendo dos viajantes presas fáceis dos agentes infecciosos, como os insectos vectores, os protozoários, os fungos, os vírus e bactérias. Alguns são cosmopolitas, como os da lepra, tuberculose, febre tifóide e desinteria amebiana, outros eram de origem exclusivamente africana como os da bilharziose, das tripanosomíases e da febre‑amarela. Sem dúvida, que esses europeus ‘compradores de ilusões’ se encontravam em terrenos da maior concentração de doenças malignas existentes nas terras africanas. Não admira que muitos desses viajantes morressem logo após os primeiros meses da chegada.
 
Os brancos que nos primórdios do século XX avançaram sobre o norte de Angola e mais especificamente os que ocuparam a savana zombo e que precederam os militares ou os seguiram, foram os comerciantes do mato que substituíram os funantes e formaram uma das componentes a que nos referimos nesta secção da dissertação.

http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?id=464

Sem comentários: